Promoção de Natal

31 de dez. de 2012

Feliz Ano Novo

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor de arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido)
Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)... Novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha... Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas,  nem parvamente acreditar que por decreto da esperança, a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo... Eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre." Carlos Drummond de Andrade

22 de dez. de 2012

Conto de Natal (reedição)



Depois de quase um mês entretida com a escolha de um presente de Natal para sua melhor amiga, que havia rompido um noivado de três anos e estava no fundo do poço, Nathy conservava um sorriso satisfeito em seu rosto. Havia realizado inúmeras buscas em casas noturnas, até que ela deu de cara com o "Insuperável", em uma festa no Morro da Urca. O "Senhor Perfeição". O "Todo Poderoso". O "Troglodita". Um metro e oitenta e cinco de músculos esculpidos de forma a causar inveja em qualquer estátua grega. Um rosto de Apolo, num corpo de estivador. Flertava com todas abertamente, o que facilitaria seu trabalho. Roupas bem despojadas e olhar de quero mais. Os cabelos negros chegando ao ombro pediam para ser agarrados fio a fio (será que faltava dinheiro pra cortar aquelas camadas que pareciam querer falar com ela?). Ao cruzarem o olhar, seus nervos se alvoroçaram. E ela pegou-se a cantarolar alegremente: Noite Feliz, noite feliz... afinal, a duas semanas do Natal, havia encontrado o Papai Noel ideal...
Como a vergonha não constava em seu vocabulário, partiu para o tudo ou nada. Chegando perto do "Colosso", perguntou com malícia:
-Quer uma piranha emprestada para prender sua crina?
Os olhos dele se estreitaram, e ela se assustou com o tom da voz que ele usou.
-Está falando comigo? Acho que não escutei muito bem... - Tom avaliava a estranha que chegara até ele com um papo improvável: ela não era uma mulher para estar sozinha numa noite como aquela. Os cabelos castanhos lhe caíam quase até a cintura, os cachos se enrolando sedutoramente. No escuro, percebeu o sorriso branco e o volume dos seios no insinuante decote. Os olhos claros brilhavam.
-Desculpe-me, mas é... é que a noite está quente e pensei em ajudar a aliviar o seu calor. Sei o quanto incomoda o cabelo descendo pelo pescoço, grudado, e o suor escorrendo... - a voz dela foi sumindo aos poucos, pois percebeu que o homem era muito mais do que pretendia. Talvez ele fosse incontrolável... Mas a risada rouca dele pegou-a de surpresa e, relaxada, ela encontrou coragem para expor o seu plano.
-Escuta aqui, querido: você é perfeito. É a pessoa ideal para o trabalho que tenho em mente. Por favor, diga que aceita.
Ele gargalhou bem alto.
-Trabalho pra mim? E qual seria a sua proposta? - A curiosidade e a ousadia daquela linda mulher fizeram com que ele entrasse no jogo, e a vontade de ficar com ela o faria aceitar qualquer negócio.
-Bem, pretendo fazer uma festa para dois no dia de Natal, e acho que você seria o papai Noel ideal!!!!
Entre surpreso e desconfiado, ele divertiu-se ainda mais. Ela queria preparar uma festinha para dois e estava inovando... que criatividade!!! Tinha tudo a ver com o tipo dela. Essa ele ia pagar pra ver: -Sabe que você é surpreendente? Explique melhor que te digo se vou ou não.

Depois de um tempo conversando e bebendo, ela o colocou a par de sua ideia. Continuaram juntos, demonstrando a cada minuto uma intimidade crescente... a mão de Tom percorria os braços de Nathy como se aquilo fosse natural, e ela ria das besteiras que ele dizia, esbarrando nos ombros largos. Ao som de uma melodia tranquila, ele a puxou para a pista de dança, precisava tê-la mais perto. Seus corpos se colaram, o frenesi surgindo da cumplicidade de movimentos. Tentaram continuar a conversar, mas as palavras morreram na troca de olhares, e ela recostou a cabeça no peito forte. Aos poucos, percebeu suas emoções sendo sugadas no tormento daquele abraço, e levantou a cabeça para encará-lo. Mas não esperava o beijo que se seguiu. A princípio lento e suave, Tom aprofundou o contato, e a deixou louca. Sem querer aceitar o que sentira, Nathy o empurrou. E numa indagação muda, o fitou, incrédula. Descontrolado, Tom quase agradeceu pela interrupção, aproveitando para voltar ao jogo. Dando um giro no corpo dela, sorriu seu sorriso mais encantador e a levou de volta ao bar. Nathy o observou, e ansiosa, perguntou se o acordo ainda estava de pé. Ele não deixou passar a oportunidade, e respondeu ironicamente:
-Não só o acordo, como todo o resto... você não vem comigo?
Ela ficou tensa: palavras ditas em voz rouca, os olhos fixos em seu rosto, a beleza viril de Tom... e a resposta quente do seu corpo. Lutou contra si para se desvencilhar do homem, e de toda a emoção que cercava o momento. Assumindo uma postura rígida, acabou com o jogo de sedução que a estava enlouquecendo:
-Não misturo as coisas. Isso é trabalho. Você aceitou, pago depois de consumado. Nos vemos no dia seguinte ao encontro, como ficou combinado. Qualquer coisa me ligue, meu cartão está contigo. - Ela falou apressadamente, virou e se foi, deixando-o sem ação.

Quando uma mulher o recusara? Não se lembrava. Ele era um rico empresário da construção civil, solteiro por opção, assediado por socialites ávidas por abocanhar (literalmente...) um bom partido. Ela devia ser louca. Ou estava querendo deixar a surpresa para o dia de Natal. Nada como ter Nathy no Natal, pensou, rindo consigo mesmo...

***

Sentia-se ridículo vestido naquela calça de cetim vermelho! "Droga, onde está aquela maldita mulher que me enrolou a ponto de fazer eu me fantasiar de Papai Noel! Acho que enlouqueci de vez..." E lá estava o empresário Antônio Pedro Fernandes deitado em um luxuoso quarto de hotel, cortinas abertas, fitando o mar de Ipanema, às 18 horas do dia 24 de dezembro, com o gorro caído de lado. Esperando...
Naquele mesmo momento, lá no saguão do hotel, uma mulher de longos cabelos castanhos ondulados andava de um lado para o outro, atraindo a atenção dos passantes, nervosa, em seu vestido vermelho. Nathy. Intensamente preocupada, olheiras em torno dos olhos verdes, ela não sabia o que pretendia fazer com aquela situação. Não tirava seu "papai Noel" da cabeça, e não conseguira falar com Anabel desde o início do dia. Então resolvera esperar pela amiga no hotel, para desfazer o negócio. Se arrependimento matasse... De repente, seu celular toca. O visor mostra: ANABEL. Ela atende, e logo depois suspira fundo. A amiga não viria. Com menos um problema em seu final de ano, agora ela poderia ir para a casa dos pais e esquecer toda aquela loucura. Ela pega o caminho da saída e, ao atravessar a porta giratória, volta, trazida pelos próprios pés. Respiração curta, muita agitação, coração quase saindo pela garganta, resolve passar o Natal no apt. 1202. Afinal, quem poderia ser melhor companhia no Natal do que o próprio papai Noel? E lá foi ela, cartão na mão, cantarolando alegremente:
-Noite Feliz, Noite Feliz...

19 de dez. de 2012

Nossa Magia

Gente, linda a resenha que a Rafaela fez do nosso livro!!! Para quem quiser dar uma olhadinha:"Canto de Meninas"...
http://cantodemeninas.blogspot.com.br/2012/12/a-magia-do-amuleto-cristina-brandao-e.html



"Magia do Amuleto" - A Amazônia em poesia pra você!!!


17 de dez. de 2012

Conto de Fadas (Florbela Espanca)

Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de ouro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: "Era uma vez..."

11 de dez. de 2012

Ser poeta




"Ser poeta é ter sede de infinito..."
Florbela Espanca

6 de dez. de 2012

Magia do Amuleto

" Vendo-a tão de perto, 
pode sentir acordado o que experimentara em sonhos...
Ele mergulhara naquele olhar para buscar a vida, 
e agora pertencia a ela."

5 de dez. de 2012

Personagem - Cecília Meireles



"Teu nome é quase indiferente e nem teu rosto mais me inquieta. 
A arte de amar é exatamente a de se ser poeta. 

Para pensar em ti, me basta o próprio amor que por ti sinto: 
és a ideia, serena e casta, nutrida do enigma do instinto. 

O lugar da tua presença é um deserto, entre variedades: 
mas nesse deserto é que pensa o olhar de todas as saudades. 
Meus sonhos viajam rumos tristes e, 
no seu profundo universo, 
tu, sem forma e sem nome, 
existes, 
silêncio, obscuro, disperso. 
Teu corpo, 
e teu rosto, 
e teu nome, 
teu coração, 
tua existência, tudo
 o espaço evita e consome: 
e eu só conheço a tua ausência. 

Eu só conheço o que não vejo. 
E, nesse abismo do meu sonho, alheia a todo outro desejo, 
me decomponho 
e recomponho."

2 de dez. de 2012

Pablo Neruda


"Tu sabes como é:
se olho a lua de cristal,
os galhos vermelhos do outono em minha janela,
se toco junto ao fogo as impalpáveis cinzas
no corpo retorcido da lenha,
tudo me leva a ti,
como se tudo o que existe
aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam
em direção às ilhas tuas que esperam por mim.

Agora, bem,
se pouco a pouco tu deixares de me querer
pararei de te querer
pouco a pouco.
Se de repente me esqueceres
não me procure,
pois já terei te esquecido.
Se consideras violento e louco
o vento das bandeiras que passa por minha vida
e decidires me deixar às margens do coração no qual tenho raízes,
lembra-te
que neste dia,
a esta hora
levantarei os braços
e minhas raízes partirão em busca de outra terra.


Mas, se em cada dia,
cada hora,
sentires que a mim estás destinado com implacável doçura,
se em cada dia levantares uma flor em teus lábios para me buscares,
oh meu amor, oh minha vida,
em mim todo esse fogo se reacenderá,
pois em mim nada se apaga ou se esquece,
meu amor se nutre do seu, amado,
e enquanto viveres
estará em teus braços
sem deixar os meus."

1 de dez. de 2012

Luz do Sol


                                "Luz do sol, que a vida traga e traduz
                                         Em ver de novo, em verde 
                                                                          em graça 
                                                                                  em vida, 
                                                                                         em força, 
                                                                                                 em luz...

Céu azul
Que venha até onde os pés
Tocam a terra
 E a terra inspira
     E exala seus azuis...


                                       Reza, reza o rio
Córrego pro rio    
                                                  Rio pro mar
                                       Reza correnteza
Roça a beira,
                                                   doura areia...


Marcha um homem
Sobre o chão
Leva no coração
Uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão
Da infinita beleza...
Finda por ferir com a mão
Essa delicadeza
A coisa mais bonita

A glória, 
                         da vida..."

29 de nov. de 2012

Magia...

"Naquele instante, Rodrigo sentiu que precisava sugar de Yana a energia do sol que se derramava sobre sua pele, como se fosse um último suspiro de vida. Subiu nela, sem tirar os olhos de seus lábios, e gemendo, mergulhou no corpo macio com a voracidade ancestral despertada em seu inconsciente. Buscou suavizar a sede implacável que se apoderou dele com um beijo selvagem, onde os movimentos se assemelhavam à violência das ondas de um mar em tempestade. Um grito desesperado ecoou quando, por fim, a razão se fez maior do que o prazer avassalador que foi alcançado. Ficaram abraçados por algum tempo, usufruindo o calor que transmitiam um ao outro..."


27 de nov. de 2012

Magia do Amuleto

Nosso livro se passa na Amazônia do século XVII, e trata do poder de uma tribo de mulheres guerreiras em meio à descoberta do El dourado pelos europeus. A magia que elas possuem vem do cerne da floresta, deriva-se da pureza espiritual das habitantes da região. Imaginem rituais sagrados invadidos pelo poder devastador da pólvora... imaginem uma linda sacerdotisa em luta espiritual para livrar seu coração do amor de um invasor... imaginem agora, que esse invasor tenha nascido ali. 
 Magia do Amuleto, 
uma história de amor.

26 de nov. de 2012

Infinito Bem!


A sua irritação não solucionará problema algum...
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas...
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar.
O seu mau humor não modifica a vida...
A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus...
A sua tristeza não iluminará os caminhos...
O seu desânimo não edificará ninguém...
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade...
As suas reclamações, ainda que afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você...
Não estrague o seu dia.
Aprenda a sabedoria divina,
a desculpar infinitamente,
construindo e reconstruindo sempre...
Para o infinito bem!

(Chico Xavier)

17 de nov. de 2012

Shakespeare



"Quando penso em você me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu... Tento apenas superar a imensa saudade que me arrasa o coração, mas que vem junto com as doces lembranças do teu ser... E nesse momento de saudade, quando penso em você, quando tudo está machucando o meu coração e acho que não tenho mais forças para continuar, eis que surge tua doce presença, com o esplendor de um anjo... me envolvendo como uma suave brisa aconchegante. Tudo isso acontece porque amo e penso em você."

16 de nov. de 2012

Ternura (Vinícius de Moraes)


"Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas, nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade 
o olhar estático da aurora."

12 de jun. de 2012

"Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia."
Willian Shakespeare

24 de mar. de 2012

Magia do Amuleto


Esse é o nosso primeiro livro, em sua segunda edição. Aqui vocês encontrarão amor, aventura e magia, envolvendo dois personagens inesquecíveis: Yana e Rodrigo.
A história se passa no século XVII, na Amazônia, época em que os europeus buscavam o "Eldorado". O encontro inevitável de duas culturas tão distintas serve de apoio para o desenrolar da trama. 


"Isso tudo podia ser real, mas estava tão distante da sua vida... Olhou para o céu e viu que o sol continuava a iluminar aquele cenário inebriante, apesar de sua angústia. Seu corpo estava rígido e seu maxilar contraído; a notícia crescera dentro dele como uma tempestade em alto-mar, e seu peito doía ao respirar. Era preciso reagir... Ao longe, o som de uma cachoeira fez com que despertasse de suas inquietações. Teve vontade de mergulhar, nadar e esquecer tudo por um momento. Subindo por entre as pedras que se erguiam ao lado, avistou as águas límpidas jorrando em um lago sinuoso, cercado por belas flores selvagens. De imediato, desceu e arrancou as roupas, mergulhando com prazer nas águas refrescantes. Quando emergiu, emudeceu: Yana estava parada à sua frente. Ela era perfeita, e sentiu aumentar dentro de si o desejo que o consumia desde que a conhecera. Com os cabelos negros molhados caindo sobre os seios e o corpo nu, ela parecia fundir-se com a magia do cenário. A pureza de seus olhos assustados contrastava com o apelo sensual do seu corpo. A beleza de sua pele dourada caiu sobre ele como um raio: era uma visão, um delírio. Precisava amá-la com todos os seus sentidos. Nada mais importava naquele momento. Nem de onde vinha, nem para onde ia. Encantado, só conseguiu sorrir para os olhos verdes que o fitavam."




Para adquirir o livro, em sua segunda edição, acesse o site www.sebohadassa.com , ou entre em contato conosco pelo e-mail  letras.ideias@gmail.com 

Em busca de metais preciosos




(...)
O índio concordou com a cabeça.
-E por que os guerreiros da sua tribo estavam lutando ao lado delas?
-Nossas tribos são aliadas e trocamos favores.
-Que tipo de favores?
-Ajudamos em batalhas, participamos do seu ritual de fertilidade, ou então oferecemos nossos prisioneiros para gerarem novas vidas. Recebemos em troca presentes brilhantes, como esses que você me deu.
Rodrigo sentiu que precisavam invadir logo aquele Templo, pois a cada momento aumentava a certeza da existência de metais preciosos nas terras que encontraram.
-Quando pode nos levar até lá?
Desconfortável por trair as aliadas de seu povo, Acauã cobriu o rosto com as mãos.
-Daqui a três luas as águas subirão e poderemos chegar à aldeia pelos igarapés. Mas temos que ter muito cuidado, pois existem animais perigosos neste caminho pelo rio. Eles comem gente, mas protegem as guerreiras.
Ainda insatisfeito com o pouco que descobrira sobre suas inimigas, Rodrigo indagou enfurecido:
-Que diabos de mulheres são essas que os animais selvagens não atacam e que lutam como homens? Que poder é esse que elas possuem?
-É a Magia.
-Por Dios, como posso acreditar que algo assim as torne tão poderosas a ponto de nos derrotar? Não acredito nisso. Acredito na estratégia de luta, na força e na habilidade dos meus soldados! - Ele franziu o cenho, quando uma ideia lhe veio à mente. - Em que época ocorrerá esse ritual sagrado?
-Daqui a cinco luas, quando o ciclo da vida na floresta se renovará.
Rodrigo esboçou um sorriso. Talvez houvesse encontrado o ponto frágil daquela tribo invulnerável. Sim, esse seria o meio para invadir o Templo... Ele buscou o olhar de Hugo, que acompanhava a conversa, e comunicou:
-Nessa época participaremos do ritual como prisioneiros da tribo de Acauã. Será o momento da nossa invasão.
(...)

Saudade




"Os raios de luar atravessavam as copas das árvores que protegiam as flores do Templo. Desde que seu filho se fora, Yana escolhera aquele local para amenizar a saudade. Dali se descortinava o curso do rio, que fluía entre a mata, levando suas preces a águas distantes. Por ali Caled partira, e ela tinha a certeza de que seus sentimentos chegariam até ele, onde quer que ele estivesse.
Naquele dia, suas preces não foram tranquilas. Angustiada, pressentia que algo ruim estava para acontecer. Ao chegar ao jardim, um raio intenso azulado brilhou sobre seu peito, e ela sentiu um forte calor vindo de seu amuleto. Desceu rapidamente em direção à cachoeira, e com o amuleto em suas mãos, ajoelhou-se, mergulhando-o na água clara do lago.
A luz que irradiava da peça sagrada assumiu cores indescritíveis, e um arco cintilante abriu-se à sua frente. Instintivamente, levantou-se e o atravessou. O calor intenso anestesiou seus sentidos, e um turbilhão de emoções dominou o seu corpo. Ondas de cores giravam em torno dela com uma velocidade estonteante; instantaneamente, viu-se em outro lugar. " (...) - Magia do Amuleto

Ao encontro de seu amor...






    " O barulho das ondas batendo contra o casco do navio era como um lamento aos ouvidos do capitão, e a cena em que o corpo do amigo fora engolido pelas águas do mar não saía de seu pensamento. No íntimo, Rodrigo sabia que a dor pela perda de Juan seria superada. Pensava às vezes que até seria melhor se fosse ele a sucumbir naquela derradeira batalha, pois era um modo mais fácil de acabar com sua amargura. Seu instinto o fez apertar o amuleto na palma da mão. Ele nunca fora um covarde... o cansaço estava vencendo o guerreiro, e com passos largos desceu até a cabine para tentar dormir um pouco. Ao deitar-se, sentiu os olhos pesados, e nem percebeu quando adormeceu. Foi um sono agitado, abalado por fatos recentes de sua vida. Sua mente não descansava... As sangrentas batalhas, as longas noites solitárias e a imensa saudade de sua amada o conduziam a um longo túnel, de onde não havia saída. De repente, um vulto surgiu, estendendo-lhe a mão. Era uma mulher com longos cabelos negros, que caíam sobre uma veste prateada. Um amuleto em forma de sol repousava em seu colo. Ao vê-la sorrir, sentiu um grande amor envolvê-lo.
-Mãe?
-Filho, venha comigo, Yana precisa de você!
Então ele se levantou, unindo suas mãos às dela, e a acompanhou. Sua camisa encharcada de suor estava colada aos músculos enrijecidos pela tensão; subiu pela escada de corda até a cesta da gávea do mastro mais alto, e viu a vastidão do mar envolta em uma densa bruma. O forte luar penetrava pela névoa, criando visões. Viu o rosto de Yana numa máscara de dor, chamando por ele. Precisava estar com ela. Fechando os olhos, atravessou a escuridão e postou-se a seu lado, envolvendo com amor suas mãos úmidas e geladas."

5 de mar. de 2012

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. "

Oscar Wilde

17 de fev. de 2012

Cinzas - Cristina Brandão / Márcia Figueiredo


"Felicidade...
É quando o sonho se materializa à sua frente, e você sabe que o momento de expectativa máxima floresceu. É o desejo tornado realidade, é o início de uma trajetória perseguida a ferro e fogo, sem a credibilidade de muitos, e com o apoio de muito poucos. Miseravelmente poucos...
As correntes com que nos aprisionamos foram lançadas ao fogo, e são apenas cinzas em nossas lembranças. Agora, conseguimos desbravar um novo caminho, e a direção será escolhida por nós.

Muito prazer, somos as criadoras em parceria de uma nova Magia. Magia que trouxemos para nossa vida, e acreditem, nosso voo está apenas começando. Quem quiser nos acompanhar que nos siga, pois nosso é o futuro, independente do que ele nos trará.
Bem-vinda morte, bem-vinda, ressurreição!"

16 de fev. de 2012


"Não me dê fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."
Clarice Lispector



"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo." 
Clarice Lispector


E lá se vão os sonhos... transforma-se a paixão em tormento, a alegria em resignação, a ousadia em disfarce, a beleza em ilusão, o companheirismo em fardo. 
Triste fim de quem não soube se amar.

14 de fev. de 2012

A Vida me Ensinou - Charles Chaplin

A vida me ensinou… 
A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração; 
Sorrir às pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam; 
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, 
para que eu possa acreditar que tudo vai mudar; 
Calar-me para ouvir; 
Aprender com meus erros, afinal eu posso ser sempre melhor. 
A lutar contra as injustiças; 
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo, 
A ser forte quando os que amo estão com problemas; 
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho; 
Ouvir a todos que só precisam desabafar; 
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão; 
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor; 
A alegrar a quem precisa; 
A pedir perdão; 
A sonhar acordado; 
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário); 
A aproveitar cada instante de felicidade; 
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar; 
Me ensinou a ter olhos para “ver e ouvir estrelas”, 
embora nem sempre consiga entendê-las; 
A ver o encanto do pôr do sol; 
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, 
sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser; 
A abrir minhas janelas para o amor; 
A não temer o futuro; 
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, 
como um presente que da vida recebi, 
e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenho que lapidar, 
dando-lhe forma da maneira 
que eu escolher.

A Sacerdotisa Yana e o Capitão Rodrigo

Capa do livro "Herança da Paixão", de Shannon Drake
Minha'lma de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver, pois que tu és já toda a minha vida

Não vejo nada assim, enlouquecida
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser, a mesma história tantas vezes lida

Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando te digo isso, toda a graça
De tua boca bonita fala em mim, de olhos postos em ti, digo de rastro

Podem voar mundos, mover astros
Que tu és como um deus, princípio e fim."

Florbela Espanca